Compensação

A ministra do planejamento “chamou a responsabilidade para si”, como se dizia antigamente. O que ela fez? Apareceu na Globonews, sorrindo, para dizer que ia pessoalmente aprovar cada um dos acordos de reposição de horas paradas durante a greve dos funcionários federais.

A responsabilidade é dela: ela a assumiu.

Os planos de reposição de horas têm requintes de maldade: são feitos para dar nó na vida dos servidores.

Por exemplo: onde trabalho, a cada semana, depois cumprir as horas normais de expediente, cada funcionário tem que compensar 5 horas. Horas além das 5 não são acumuladas para a compensação na semana seguinte.

Além das 5 horas, há os sábados. A presença aos sábados é obrigatória, mas só conta para a compensação se ocorrer exatamente no horário definido pela ministra. Minutos registrados fora desse horário são descartados: quem se atrasa um minuto é descontado proporcionalmente.

O objetivo disso, obviamente, não é repor o trabalho acumulado, é punir o servidor que fez greve.

Em vez de acalmar os ânimos depois de empurrar uma perda de salário equivalente à inflação de três anos, a ministra resolveu deixar irritados os funcionários de cuja produção depende para mostrar serviço.

Não, eu não entendo esse governo.

Já vi pessoas antes mais ou menos simpáticas à Era PT fazendo campanha pela oposição. É o mínimo que se pode fazer.

Acho que o PT vai ter seu pior resultado em muitas eleições. E espero que, depois, alguém se lembre da responsabilidade da ministra.

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